O Domínio do Spotify: Dos Artistas Brasileiros Mais Ouvidos no Exterior à Máquina de Algoritmos
O Som do Brasil no Exterior: Funk Domina, Alok Lidera
O Spotify divulgou recentemente a lista dos artistas brasileiros mais ouvidos no exterior, revelando um cenário distinto do consumo doméstico. Enquanto os brasileiros têm uma preferência clara pelo sertanejo universitário, o público internacional está focado no funk e suas variações. No topo da lista está o DJ Alok, que ganhou destaque este ano com apresentações marcantes em Copacabana e no festival The Town. Logo atrás, em segundo lugar, vem Anitta, que há pelo menos quatro anos investe na consolidação de sua carreira internacional, acumulando parcerias com grandes nomes como J Balvin, Cardi B, Black Eyed Peas, Iggy Azalea, Khalid e Ty Dolla $ign.
A Surpresa do “Brazilian Phonk”
A grande surpresa da lista é a presença de três funkeiros entre os cinco mais ouvidos. O terceiro lugar é de Crazy Mano, um representante do “Brazilian phonk”, gênero que, segundo o Spotify, é o mais procurado pelos estrangeiros. Curiosamente, o artista, que se apresenta de máscara (assim como o DJ americano Marshmello), possui relativamente poucos seguidores no Brasil, com pouco mais de 3 mil fãs no Instagram. Completando o top 5 estão Mc GW (quarto lugar) e Mc Menor do Alvorada (quinto). A música “Montagem – PR Funk”, de GW com participação de Menor do Alvorada e S3BZS, também lidera como a faixa mais ouvida fora do país.
O Gosto Nacional vs. Internacional
Essa tendência do funk se reflete nos gêneros mais exportados: o phonk brasileiro lidera, seguido por funk MTG, funk RJ e funk carioca. O sertanejo universitário aparece apenas na segunda posição internacional. O cenário doméstico, no entanto, é completamente diferente. A lista de artistas mais ouvidos no Brasil é dominada pelo sertanejo, com Ana Castela no topo, seguida por Henrique & Juliano, Marília Mendonça e Jorge & Mateus, com MC Ryan SP sendo a única exceção do funk no top 5. O mesmo ocorre com as músicas, onde “Nosso Quadro” (Ana Castela) e “Leão” (Marília Mendonça) lideram. Entre as músicas mais ouvidas no exterior, destacam-se também “No_Se_Ve.mp3” (Emilia e Ludmilla), “Automotivo Bibi Fogosa” (Bibi Babydoll), “Deep Down” (Alok) e “Parado no Bailão” (MC Gury e MC L da Vinte).
Por Trás dos Números: A Máquina de Dados
Esses rankings são possíveis graças à massiva coleta de dados do Spotify, que monitora os hábitos de seus usuários em tempo real. Mas o que a plataforma realmente sabe sobre o ouvinte individual? Uma investigação sobre o perfil de dados que a empresa coleta revela um processo complexo. Ao tentar solicitar os dados pessoais acumulados ao longo dos anos, a resposta da empresa – avaliada em cerca de 138 bilhões de dólares e que se orgulha de sua tecnologia de ponta, incluindo IA – foi um prazo de 30 dias para cumprir o pedido.
O Perfil Atípico e a Obsessão por um Clássico
Para alguns usuários, o perfil traçado pelo algoritmo pode ser intrigante. Considere um ouvinte cujo uso da plataforma se resume a 99% de streaming de podcasts, seguido por maratonas ocasionais de covers de uma única música. A canção em questão? “Unchained Melody”, dos The Righteous Brothers. Embora a original seja considerada insuperável, há versões de Elvis Presley, Norah Jones, Willie Nelson, Al Green, U2, Etta Jones, Lykke Li, Cyndi Lauper e Sam Cooke, todas com resultados interessantes. Que tipo de ouvinte o “Grande Inquisidor do Streaming de Música” classifica alguém assim? A resposta permanece pendente.
O Custo da Playlist Perfeita
Essa curiosidade sobre os dados que estamos enviando ao universo foi motivada, em parte, pelo livro “Mood Machine: The Rise of Spotify and the Costs of the Perfect Playlist” (A Máquina de Humor: A Ascensão do Spotify e os Custos da Playlist Perfeita), de Liz Pelly. A obra analisa criticamente como o streaming molda o consumo musical. Liz Pelly, junto com sua irmã gêmea Jenn, já foi uma figura ativa na cena independente, organizando shows de indie rock antes de ambas se tornarem jornalistas.
Além do Algoritmo: A Música Ao Vivo Resiste
Enquanto os algoritmos tentam definir o gosto popular, a cena musical ao vivo oferece experiências que fogem à homogeneização. A programação cultural continua vibrante, oferecendo alternativas para além das “streamwaves”. Por exemplo, o público de Cambridge poderá conferir Pachyman ao lado de Mndsgn no The Sinclair. Em outra proposta, o conjunto renascentista local Blue Heron se une ao grupo Piffaro, da Filadélfia, para reviver poemas e composições alemãs do século XIV, utilizando instrumentos de época como a chalemia, o sacabuxa e a gaita de foles, aproximando o ouvinte da sonoridade medieval.
Opções para Todos os Gostos
Para quem busca sons contemporâneos e experimentais, Sean Nicholas Savage retorna ao Warehouse XI. Conhecido por sua trajetória única na cultura pop, Savage explora atualmente uma sonoridade focada em baladas vocais que remetem à estética “lado B” das rádios FM dos anos 80. E com o Halloween se aproximando (este ano caindo em uma sexta-feira), surge a dúvida sobre o que fazer. Para o público adulto que busca uma celebração sem as festas caseiras caóticas, mas que também não quer ficar de fora, os ritmos atemporais do Dub Apocalypse se apresentam como uma opção de festa garantida.









